A magia dos 100%

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Antes de começar a investir em ações, eu sempre ouvi histórias de pessoas que ganharam dinheiro na bolsa, com investimentos que renderam mais de 100% (ou dobraram de valor) em um curto período de tempo.

Esta sempre foi uma realidade distante para mim, pois eu tinha certa aversão ao risco da bolsa, já que sabia que ao mesmo tempo que era possível ter 100% de retorno, também era possível ter 100% de perda.

Após começar a estudar e investir, eu descobri que estas faces da moeda (ganho e perda alto) realmente existem, mas temos a nossa disposição algumas maneiras de minimizar o risco da perda, o que de certa forma também podem comprometer o risco do ganho. A principal delas é a diversificação.


Bem, quero compartilhar com vocês que consegui, pela primeira vez em meus investimentos, uma rentabilidade superior a 100% em um papel e isso aconteceu com uma das estrelas atuais da bolsa brasileira, a Cielo (CIEL3).

É desnecessário falar sobre a empresa e mercado, portanto não vou abordar este assunto por não ser o foco do post. Além disso, é muito importante deixar bem claro que este post não representa uma indicação de compra e destina-se somente aos estudos sobre investimentos.

Desta forma, quero compartilhar um pouco do meu histórico neste papel.

Minha primeira compra de CIEL3 aconteceu em 25/09/2012. Naquela época eu ainda estava iniciando meus investimentos em ações e fiz a compra quase que como um trade (sim, naquela época eu tinha até uma carteira de curto prazo / trades).

Após um período de aprendizado, passei a adotar um método de investimento mais focado no longo prazo, não olhando a cotação de um papel para a decisão de compra, mas sim as características da empresa (expressas no balanço) e o percentual da carteira alocado, conhecido como alocação de ativos.

Depois desta compra, todas as outras que se seguiram (3 compras adicionais) aconteceram pelo critério de alocação de ativos, ou seja, quando um papel está abaixo do percentual objetivo desejado. Elas aconteceram em 11/06/2013, 20/08/2014 e 23/09/2014.

Para dar uma ideia do tamanho das compras, sem mencionar os valores, veja abaixo a proporção aproximada, considerando que a primeira compra foi do tamanho 10x:

25/09/2012 - 10x
11/06/2013 - 7x
20/08/2014 - 5x
23/09/2014 - 3x

Veja no gráfico abaixo, os momentos das compras nas setas vermelhas:

fonte: http://www.bloomberg.com/quote/CIEL3:BZ

É interessante notar que, como utilizo o método de alocação de ativos, o método indicou compra, principalmente em 2014, em um momento de baixa do papel (lembrando que entre agosto e setembro de 2014, o mercado vivia uma alta volatilidade na véspera das eleições). Não acredito que isso tenha feito muita diferença, afinal num gráfico destes, em qualquer momento que você comprar sempre vai ganhar, mas para os que gostam de olhar e decidir a hora de comprar baseado no gráfico, vale a observação.

Vamos agora aos resultados destes investimentos na Cielo.

Período: 34 meses

Rentabilidade Acumulada pelo Sistema de Cotas: 108,46% 

Taxa Interna de Retorno: 2,93% ao mês

Preço médio: R$ 21,66

Preço atual: R$ 45,50

Nada mal, não é mesmo? Por um lado este foi o retorno obtido com a Cielo, mas como eu citei no começo do post, uma das maneiras de tornar a brincadeira menos arriscada é fazendo uma diversificação da carteira. Sendo assim, durante este período, a Cielo teve representatividade média na carteira de 8% a 9% (agora está em torno de 9,5% com as recentes subidas). Portanto, apesar da alta rentabilidade da Cielo (e alguns outros papéis como UGPA3, PSSA3, ITUB4, ABEV3), outros puxam a rentabilidade da carteira para baixo (Vide VALE5, GGBR4, HGTX3, NATU3, etc). Tudo normal e esperado para uma carteira diversificada.

Por outro lado, existem aqueles que defendem compras pensando na cotação que insistiam que investimento em Cielo, nos últimos 3 anos, era um investimento muito arriscado devido ao alto preço do papel (Está cara, diziam! rs). Se eu tivesse seguindo, não teria comprado ou mantido Cielo por este período.

É isso aí pessoal, queria mesmo compartilhar minha experiência com ganho de 100%. Mesmo que isso não tenha se traduzido em uma performance muito superior na minha carteira diversificada, certamente contribuiu para o resultado ser ligeiramente melhor que o índice Ibovespa no período.

Importante:
Este material tem propósito meramente informativo. Não consiste em recomendação financeira ou estratégica para investimentos. Para saber mais sobre as opções de investimento e receber recomendações, procure uma instituição financeira com profissionais habilitados.

26 comentários

  1. EI, aí entra um dos mandamentos do Bastter: investir em empresas de valor.
    Falei e disse!!!

    Abraços, sucesso!
    Bagual

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    1. Bagual, de certa forma é isso mesmo, o importante é investir em empresas de valor. Isso não quer dizer que empresas de valor vão sempre subir ou que estas mesmas empresas nunca vão ficar ruins, mas investir em empresas de valor já é um grande passo para aumentar suas chances na bolsa.
      Abraços

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  2. EI,

    Muito bacana o seu relato! Posso resumir ele em uma frase?

    "Sócio tem que querer comprar cada vez mais caro".

    A propósito, a CIEL3 é um dos pilares da minha carteira. Tenho certeza que ela vai divulgar um ótimo 2T15 e ainda vai trazer-nos muitas alegrias.

    Abraços.

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    1. IL, nem sei se o resultado de 2T15 vai ser ótimo, acredito que exista uma grande chance de ser pois a Cielo é um tipo de empresa que não me parece ter seu negócio ameaçado, pelo menos no curto prazo.

      Esta frase "Sócio tem que querer comprar cada vez mais caro" resume bem o que tem acontecido com quem investe na Cielo.

      Abraços

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    2. EI,

      Vai ser bom sim, pode acreditar, rs. Sobre a frase, ela não serve apenas para a Cielo, mas para todos aqueles que querem vencer na Bolsa.

      Apenas para exemplificar, a CMIG3 e a HGTX3 estão despencando esse ano. E aí, é vantagem comprar elas cada vez mais barato e aproveitar a "promoção"?

      Abraços.

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    3. IL,

      Vamos por partes. Eu também acredito que o resultado da Cielo vá ser bom. Ela tem mostrado a sua força em qualquer condição do mercado, portanto tem tudo pra ser bom, mas, ainda mais importante que o resultado deste trimestre é pensar no negócio no longo prazo, e pelo que conheço da empresa, a coisa toda está ainda no meio do caminho.

      Sobre a CMIG3 e HGTX3, o mais perigoso que pode acontecer na bolsa é o cara comprar porque está caindo, porque acha que está barato ou aproveitando a promoção, mas por outro lado, se você considera que a empresa ainda tem valor, tem que continuar comprando, mesmo na baixa, pois esta atitude será o diferenciador no longo prazo. Por isso é importante a diversificação e o balanceamento. O objetivo é ganhar com esta volatilidade.

      Abraços

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  3. Olá EI,

    Sei a sensação boa que é alcançar os 100%. :-)
    Já alcancei isto com CIEL e com a EQTL.
    E a tb a questão da diversificação ocorre comigo.
    O balanceamento não vai me deixar comprar CIEL e EQTL tão cedo. rs

    Abs!

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    1. ID, muito interessante perceber que é possível acertar um papel com rentabilidade de 100%, vale muito o aprendizado, assim como já vi papeis caírem 60 ou 70% e tenho tentado aprender com isso. Quem sabe os 100 não viram 200, 300 ou 1000% ...

      Esta questão do balanceamento "não deixar" comprar papéis bons é o que me "mata" nesta metodologia, mas faz sentido em temos que manter a estratégia .... apesar de que eu já dei umas roubadinhas e comprei papel em TH mesmo sem o método pedir ...
      Abraços

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    2. Esse balanceamento não vai sempre punir as empresas ´´boas´´?
      Se a cotação sobe pq a empresa dá resultados não deveria comprar mais?
      Desse jeito acaba comprando sempre aquelas que estão pra trás, o que deixa empresas como a Cielo (fantásticas) sem aportes...

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    3. Anônimo,

      O balanceamento tende a "punir" as empresas boas e a carteira em termos de rentabilidade, mas por outro lado, o balanceamento (associado à diversificação) tende a diluir o risco geral da carteira também.

      Você pergunta se não seria o caso de comprar mais das empresas que estão subindo porque os resultados são bons. Minha visão é que do ponto de vista de rentabilidade, parece ser positivo tomar esta atitude, mas este ganho só vai se concretizar se esta empresa continuar boa e dando resultados, portanto se você segue aportando na empresa que está subindo, você aumenta a concentração da carteira nas empresas que "só sobem", aumentando também o risco geral da carteira.

      Imagina que você tenha uma carteira de 10 ações com 10% em cada uma, ao final do ano, 5 subiram forte e outras cairam forte, se você continuar comprando somente as que subiram, sua carteira terá uma concentração muito maior nas que subiram. Podemos até ser tentados a pensar que isso é positivo, mas se pensar que do ponto de vista de risco da carteira você tem, por exemplo 5 empresas com 15% de alocação cada e outras 5 com 5%, você começa o segundo ano com uma exposição ao risco muito grande, pois no ano seguinte quem garante que as vencedoras do passado serão as vencedoras do futuro. O objetivo é justamente aproveitar a rentabilidade das que estão subindo (não vendendo) mas diluir o risco futuro.

      O fato de não aportar nas fantásticas, como a Cielo é relativo, porque os próprios resultados delas "fazem o aporte" por você, já que o bolo segue crescendo sozinho.

      Abraços

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    4. Eu não gosto da idéia de balanceamento que privilegia compra ações que "ficaram para trás". Acaba que o sistema o obriga a comprar empresas que estão caindo e a ignorar empresas que estão subindo. Existem vários exemplos de empresas que deixam de ser boas e começam a ladeira abaixo, bem como de empresas boas que sobem sem parar.
      Prefiro fazer compras, sempre com o mesmo valor, em um rodízio simples na mesma ordem de compra que a carteira foi montada.

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  4. Cara, parabéns pelo sucesso.

    E viva o Bastter, muita gente fala mal, critica mas quem o segue e faz o dever de casa e enche o bolso!!!!

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    1. Anônimo,

      É isso aí! Vida longa para o Bastter.

      Abraços.

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    2. O problema do Bastter é que poucas pessoas realmente entendem nas entrelinhas a mensagem dele. Ele fala de forma simples para atingir um público maior, o que é positivo, mas esta "simplicidade" toda acaba gerando controvérsias com os "entendidos" que interpretam as falas ao pé da letra.
      A vida segue. Não acho que o Bastter seja esta autoridade toda que pregam e nem que ele esteja certo em tudo que fala, mas não posso negar que ele me ajudou bastante.
      Abraços

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  5. Já alcancei 100% em alguns papéis que eu tenho, mas virando o gráfico de cabeça pra baixo, rs.

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    1. Uó, eu também passei por isso (100% com gráfico invertido). Isso faz parte e estamos todos aprendendo. O importante é seguir firme a estratégia tomando cuidado com os riscos.
      Abraços

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  6. Parabéns pelos 100%! Muito bom o seu relato.

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    1. Surfista, obrigado.

      Este post fez um certo sucesso e estou pensando em fazer relatos semelhantes também para outros papéis que não foram tão bem sucedidos. Se tiver tempo vou fazer. Vale o aprendizado e a troca de experiências.

      Abraços

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  7. Já tive Cielo e vendi por querer embolsar lucrinho. Dei mole. Vc agiu certo em segurar.

    Abs

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    1. Anonimo, embolsar lucros é complicado, pois nunca sabemos se estamos tomando a decisão certa, assim como manter também. Toda decisão envolve riscos, portanto o mais importante é a consistência nas decisões e no método.
      Não vale embolsar lucros pequenos e segurar os prejuízos.
      Abraços

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  8. Muito bom seu post e parabéns pelo retorno.

    Agora vai viver escutando pra vender e realizar lucro. Bom investidor de longo prazo deve manter a carteira o mais passiva possível.

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    1. VDD,
      Realmente não é fácil se segurar nem com altos lucros nem com prejuízos, mas eu acredito na carteira passiva e não devo mudar. É um exercício de controle emocional constante.
      Abraços

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  9. Boa, E.I.

    Parabéns pelo resultado!
    A Cielo é, realmente, excepcional.

    Sigamos firmes na estratégia!

    Abraço.

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  10. Sobre a Cielo, o único pensamento que vem a mente agora é:
    Quem dera tivesse comprado mais no passado!

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